Postagens populares

sábado, 4 de maio de 2013

Muito amor fantasiado

Muito amor fantasiado de cilada e muita cilada fantasiada de amor. Muita gente estragando tudo que sempre quis, por não ser exatamente do jeito que sempre sonhou. Não é difícil conviver com o outro. É difícil, quase impossível, conviver com as idealizações do outro. Sim, porque poucos amam o real, passam todo o relacionamento querendo mudar o parceiro um pouquinho ali, um pouquinho aqui, mudanças que nunca acabam, insatisfações que nunca tem fim. É complicado lidar com a falta de pureza de todas essas pessoas que colecionam decepções, frustrações, enganos e cicatrizes. Gente que teve que desaprender a confiar, pra aprender a ser feliz. Já não existem amores como os da infância, sem posse, sem medo, sem infinitas cobranças. É um desafio constante combater a sensação de que ainda não é o suficiente. Nunca é o suficiente. Ele é incrível, mas eu acho que posso encontrar alguém melhor, mais compatível. Ela é maravilhosa, mas tem tanta mulher maravilhosa pra eu conhecer ainda. Besteira. Uma busca insana por uma perfeição que não existe. Uma cobrança injusta de um conjunto de qualidades paradoxas que nem a gente possui. Grande engano de muita gente a certeza de maturidade, sem essa de esperar príncipe encantado. Vocês só mudaram o perfil do príncipe e da princesa também, porque essa epidemia não atinge só as mulheres. Nada de cabelo loiro e cavalo branco, é o fim dos vestidos de princesa- a coisa ficou muito mais feia pros candidatos à modelo perfeito porque a exigência vai de corpo a caráter, cada defeito e qualidade sendo pesados criteriosamente numa balança fria. Eu também sou doente disso. Quem não é? A cura é um processo lento, a aceitação de que se trata de um conflito interno e não problema dos outros é demorada. Antes de cobrar algo absurdo, "Eu sou tudo isso que eu espero de alguém? Eu faria diferente, no lugar dele?" Quase nunca sou, quase nunca faria. Talvez essa não seja, ainda, o fim de nada grandioso, mas é o começo de um momento crucial da minha vida: A batalha travada contra mim mesma, minha maior aliada e inimiga. Porque o amor só entra, em quem deixa entrar. E não tô falando de porta aberta, tem que estar receptiva. Só permanece, em quem sabe cuidar. É tempo de aprender.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Separações

Um dia você vai agradecer as separações. Agradecer um por um dos rompimentos, uma por uma das fossas, uma por uma das portas fechadas em sua cara, uma por uma das infiltrações pelo pulmão.
Um dia você vai se desculpar por sofrer, você se livrará dos ressentimentos e das vinganças.
Um dia você se verá feliz por ter estado triste.
Um dia entenderá que o destino realmente faz sentido, e que a falta de sentido ainda era caminho.
Um dia você perceberá a clara diferença entre orgulho e confiança, entre obsessão e paixão, entre fantasia e sonho.
Quando você finalmente encontrar a mulher de que precisava não conservará ódio por nenhuma ex. Mesmo a mais ingrata, a mais perversa, a mais intrusiva.Quando você descobrir que não precisou inventar a mulher que você ama, que ela existe com toda telepatia e compreensão que jurava jamais testemunhar, você olhará o passado com empatia e sincero perdão.
Será generosamente imprevisível. Não mascará fofocas, apagará os desaforos, conhecerá a gentileza de dia e o cuidado de noite. Derramará em seu sangue uma overdose de ternura. Seus olhos estarão empilhados de estrelas. Os engradados das árvores estarão sendo abertos pelo jorro da luz.
                                       
O amor é libertador, o amor é a redenção fiscal, o amor de verdade expira as sentenças.
A vontade é preparar uma farta cesta de frutas e produtos especiais para as ex-mulheres. Gastar o salário do mês combinando iguarias de fino trato.
É meu modo de mostrar que estou imensamente feliz por falhar antes e me permitir viver o essencial agora.
O ímpeto é organizar um berço de fragrâncias e champanhes, conciliar vinhos da Nova Zelândia com patês franceses. Reunir bandeiras e promessas do oceano. Montar uma manjedoura com palha ao fundo daquilo que há de melhor e mais caro na estante de importados.
Uma barca com especiarias da Índia, pepinos do México, azeitonas da Itália, ovos de codorna do Peru e doce de leite da Argentina.
Uma caixinha sortida e colorida com direito a Panetone, passas e castanhas de caju.
Uma cesta graúda com celofane amarelo que alegrava os Natais da minha infância.
E escrever apenas “Obrigado”.
Sem maiores informações.
O milagre é cristalino. Não é possível guardar rancor


Fabrício Carpinejar

domingo, 11 de dezembro de 2011

Porque a vida segue. Mas o que foi bonito fica com toda a força.
Mesmo que a gente tente apagar com outras coisas bonitas ou leves, certos momentos nem o tempo apaga.
E a gente lembra. E já não dói mais.
Mas dá saudade. Uma saudade que faz os olhos brilharem por alguns segundos e um sorriso escapar volta e meia, quando a cabeça insiste em trazer a tona, o que o coração vive tentando deixar pra trás.

— Caio Fernando Abreu

domingo, 9 de outubro de 2011

Vai passar...

Eu não podia apenas sorrir quando me lembrasse de você?
Mas acontece tipo assim: lembro do seu rosto, do seu abraço, do seu cheiro, do seu olhar, do seu beijo
e começo a sorrir, é assim mesmo, automático, como se tivesse uma parte do meu cérebro que me fizesse
por um instante a pessoa mais feliz do mundo.
Eu sei, é lindo.
Mas logo em seguida, quando penso em quão longe você está sinto-me despedaçar por inteira.
E dói. Uma dor cujo único remédio é a sua presença.
Então sigo assim, penso em você, sorrio, sofro e rezo, peço pra Deus amenizar essa dor.


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Por que?


-"Por que permitimos que as pessoas entrem assim tão dentro da gente a ponto de sairem carregando um pedaço de nós quando partem? Por que nos damos tanto, nos entregamos tanto, nos deixamos tanto em mãos não tão cuidadosas dos nossos sentimentos? Deveríamos aprender a ficar na margem, olhando de longe a paisagem calma e nos satisfazer dessa visão, como quem se fascina com uma miragem. Mas não nos satisfaz olhar. Humanos que somos, precisamos absolutamente sentir, ao risco de nos afogar... e mergulhamos inteiramente.E, vida afora, vamos mergulhando em promessas de amor eterno, felicidade infinita e mar de rosas. Não nos questionamos sobre probabilidades de perdas e decepções, pois só de pensar já é doloroso.Dói... dói... dói e dói!... Mas isso não vai nos impedir de continuar, não vai nos impedir de viver. Pedaços de nós são ainda partes de nós e ninguém disse que precisamos chegar à velhice inteiros e sem marcas Isso é vida!!! Não desistir, manter-se de pé, doendo, mas de pé, cabeça erguida na direção do desconhecido e peito cheio de esperança que a próxima vez será diferente.grandes artistas obtiveram o melhor das suas obras nos grandes momentos de aflição e dor. Faça o mesmo: Mostre o que de grande há em você tirando partido das suas decepções!Construa-se!!!tenha em mente que não é você que não foi digno daquele amor, mas aquele amor que não foi digno de você. E se faz parte da vida caminhar entre flores e espinhos, não se esquive do caminho. Caminhe!!! Amanhã talvez seja diferente. E talvez não. Mas entre as subidas e descidas, você vai ter sobrevivido. E vai ter, sobre tudo, vivido"